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 -  Atualizado 13/03/2012

Rota do Café resgata vocação do Norte do Paraná

Publicado por: Silvia Oliveira Paraná, Rota do Café


Estância Guaicurus, hospedagem credenciada à rota: abriga o maior labirinto de café do mundo.

Nunca consegui entrar para a religião dos vinhos. Aliás, tenho um paladar que está longe de ser apurado para qualquer tipo de degustação gourmet. Meus veredictos geralmente são: gostei ou não gostei. Mesmo sem nenhuma vocação, há tempos resolvi dar uma chance ao café – uma bebida que agrega, acaricia e traz aconchego. Não faço a linha adicta nem sou daquelas que têm crises de abstinência progressiva só porque não há uma xicrinha fumegante à vista. Apenas aprendo a degustar, sem cobranças dogmáticas. Açúcar, se necessário for. Acompanhado de bolo de fubá? Melhor ainda.


Fazenda Monte Bello: propriedade do século passado que conserva todas as instalações  usadas na produção de café. 

Sabemos, o café tem função social. Seja em casa, no boteco, no escritório ou no museu ele serve para conciliar e reunir. É popular, de raiz. Democrático. Com a entrada dos grãos especiais, cheios de certificados de origem e divisão por estrelas a bebida entrou no cardápio oficial de quem sabe identificar minuciosamente os níveis de acidez, aroma, corpo e sabor. Melhor: apesar dos avanços pode ser apreciada principalmente por quem (presente!) não entende nada de produção, torra ou degustação.

Entre um devaneio e outro descubro a Rota do Café  – um produto turístico que resgata a vocação do norte paranaense. Mais do que isso, o projeto – desenvolvido pelo Sebrae-PR – é um dos mais completos e originais do país quando se trata de incentivo ao turismo nacional. Durante quase três anos uma equipe de consultores traçou o caminho que levaria às tradições históricas da região, de antigas fazendas cafeeiras a excitantes restaurantes rurais – passando pelo maior labirinto formado por pés de café do mundo até estâncias ecológicas. Mapearam 16 municípios de interesse e identificaram 34 atrativos, tudo dentro de um raio de 200 quilômetros de Londrina – antiga “capital mundial do café” – cidade considerada a base da empreendimento.


Fazenda Flora: propriedade histórica com 24 tulhas  secadoras e um enorme terreirão de café ainda conservados.

A proposta da Rota do Café – e aí está todo o diferencial – é facilitar experiências de vida e promover vivências pessoais. Toda a região Norte do Paraná já foi referência mundial na produção cafeeira, mas a baixa dos preços seguida por fortíssimas geadas nas décadas de 60 e 70 dizimaram plantações inteiras. Ficaram a memória e os projetos de colonização. Um olhar rápido pelos caminhos que formam a Rota do Café do Paraná você vai perceber que ela resgata não só a minha, mas também a sua história. Devota paixão e estabelece uma nova relação entre o pioneiro e a nova geração.

A rota oferece várias opções de passeios. O turista pode conhecer fazendas históricas desativadas com tulhas e terreiros de secagem do café, passar por cafeterias gourmets, interpretar a história no museu, dormir em propriedades rurais “de verdade” e, dependendo da época, pode até participar da colheita.


Não basta ser blogueira, tem que participar: passeio no carrinho que levava o café às tulhas. Repare na minha cara de paisagem.

Nós passamos um fim de semana prolongado cobrindo parte da rota. O Sebrae-PR facilitou a logística sugerindo um roteiro bem bacana para que pudéssemos aproveitar vários atrativos em quatro dias. Como Londrina é minha casa (sou pé vermeio!!!!) pensei: Rota do Café djá! Acredite: não existe nada similar no Brasil. Sem querer desabonar a rota de café mineira que, sim, tem um enorme valor – não existe no Brasil nenhum paralelo à estrutura e capacitação montada na Rota do Café do Norte do Paraná para receber o turista que queira mergulhar neste mundo cheio de aromas e lotado de causos para contar.

Fotos: Raul Mattar

Leia também:

Rota do Café -PR: principais atrativos



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37 Comentários

  1. Silvia, as antigas fazendas de café me fascinam, mas você tem razão, aqui em Minas não temos uma estrutura adequada para o turismo. É difícil até mesmo achar as informações. Será que vou ter que ir ao Paraná para conhecer a Rota do Café? 😉

    Beijos!

    responder
    • Opa, vamos juntas! Ainda faltam diversos atrativos para eu percorrer! 🙂

      responder
    • Luciana Masson

      Venham, venham, prometo ciceronea-las do melhor jeito norte paranaense de ser!!

      responder
  2. Esta região do Parané é fantática. Quando era pequena, meu pai me levava nestas fazendas… 😉

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  3. Ju

    Que bucólico… Adorei!!!
    Estou até sentindo o cheiro do café. Não gosto muito, gosto muito, mas também uso para me socializar.
    E essa matéria me deu até vontade, heheheh
    beijinhos

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    • Ju, me voltei ao café para tentar me socializar também… porque não bebo nada alcoólico. Bjs!

      responder
  4. Marcia Cristina

    hahahahaha. Adorei a cara de paisagem! mas esse passeio no carrinho faz parte da rota? Está ficando corajosa… rsrsrs Bjs!

    responder
    • É uma brincadeira que eles fazem na fazenda Monte Bello, o tour por lá é super bom e explicativo. Mas dá o maior medo! haha!

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  5. Carmen

    Lindo e misterioso.
    Boa dica, Silvia e bonitas fotos!
    Parabéns

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  6. Sirlene

    Que legal, nem sabia que existia essa rota. E tão pertinho da gente.

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  7. Milton

    Que viagem linda! Adoro café, bebo todo dia, não fico sem café. Agora só falta conhecer a Rota do Café. Parabéns Silvia! Bj.

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    • Uia, glorioso Milton Antunes! Que máximo ver você por aqui! Saudades! Menino… e a rota fica aí do seu ladinho! Nem precisa percorrê-la de uma só vez! Todo fim de semana dá para conhecer um atrativo, já que todos estão num raio máximo de 200 km de Londrina! Bjs!

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  8. mara sallai

    Nasci pe vermelho, Rolandia.Passei a minha infancia indo pra Jaguapita, num sitio de cafe do meu avo paterno. Acompanhava minha avo materna em viagens exoticas, que comeca de onibus e termina com charrete , no patrimonio do 15, regiao de Cornelio, iamos visitar um tio que era admistrador de uma fazenda de cafe.
    Na minha casa tinha moedor de cafe manual a minha vo torrava o cafe que bebiamos.O cafe, era coado no coador de algodao, nada de filtro de papel. Fiz vertibular na Uel em julho de 1975 ano da geada que queimou os cafezais do Parana. Ha anos aprendi tomar cafe sem acucar, pra sentir o gosto da bebida, habito que mantenho ate hoje. Se eu comecar o dia sem um cafe,tenho dor de cabeca. To aqui emocionada com lagrimas nos olhos depois de ler este roteiro fantastico . O cafe foi reinventado!!
    Silvia parabens!

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    • Hahahahahaha, adorei o “viagens exóticas”, aquela que “começa de onibus e termina com charrete”. Que divertido!

      Ah, sua frase “o café foi reinventado” deveria virar slogan da rota! Adorei!

      responder
    • roldão arruda

      Mara, nasci em Jaguapitã. Passei algumas férias escolares em Rolândia, onde moravam alguns primos queridos. . Quando ia de jardineira até Londrina era como viajar num mar de cafezais. Mais tarde, nos anos 70, cobri para o Jornal do Brasil e o jornal Movimento as geadas que acabaram de vez com o sonho cafeeiro da região.. Tudo isso me toca muito.. Beijos.

      responder
    • Luciana Masson

      Me emocionei ao ler seu relato Mara…. nosso desejo é justamente despertar as emoções por meio dos aromas e história do café!

      responder
  9. Oi Silvia
    Amei seus posts sobre a rota do café. As fotos estão maravilhosas. Ai que saudade desses lados. Estudei na UEL,trabalhei no HU, sem contar que passei muitas férias em Londrina na infância e adolescência.
    Parabéns!!!

    responder
  10. roldão arruda

    Bela matéria, Silvia. Texto legal. Também sou pé vermeio, cresci rodeado de cafezais. E sou adicto pela bebida. O dia não começa sem uma boa caneca de café, forte, sem açúcar… No exterior, uma das primeiras preocupações é descobrir onde servem um bom café. Poucas coisas me lembram tanto a casa dos paise me parecem tão hospitaleiras quanto o aroma do café no coador se espalhando pela casa. Era ele que saudava as visitas. Em Minas algumas cozinheiras chegavam até a por um pouco de café na frigideira e levar ao fogo, para intensificar o aroma pela casa. Parabéns

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  11. Ernesto, o pato

    Parabens pela matéria, muito interessante, pretendo conhecer em 2011.

    responder
  12. Tenho uma torrefação de café numa propriedade aqui em Fartura-sp , já faço o turismo rural pedagógico a 4 anos e agora estou querendo montar a rota do café. Gostaria muito de conhecer e saber como funciona. Não tenho como acomodar as pessoas por enquanto só tenho a estrutura toda do café . Abraço;

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  13. Fernanda Leitão

    Olá Silvia, como sou amante e apreciadora de café, acredito que ano que vem a Rota do Café será um dos meus destinos. Você sabe me dizer se é possível montar o próprio roteiro ou tudo tem que ser feito via agencia de turismo? Seus posts são ótimos e sua fotos maravilhosas.

    responder
    • Silvia Oliveira

      Fernanda, é possível fazer tudo por conta, sim! Abs!

      responder
  14. Silvia
    Bárbaro! Adorei o post.
    Para mim é novidade, não conhecia e fiquei morrendo de vontade de visitar.
    Obrigada e bjs

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    • Silvia Oliveira

      Oi, Quenia! Você vai gostar! 😉

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  15. Lisa

    Olá, Sílvia!

    Parabéns pelo blog! Os post são sempre muito úteis.
    Você ainda tem o contato das Fazendas Flora e Santa Teresa? Gostaríamos de visitá-las. O sítio Scandolo não tem mais essa parceria com as fazendas.

    Obrigada.

    Lisa

    responder
    • Silvia Oliveira

      Olá, Lisa! Não tenho mais os contato. Abs!

      responder

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Matraqueando - Viagens e Comidinhas | Por Sílvia Oliveira

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