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 -  Atualizado 09/08/2010

Sevilha, Espanha | Por Luísa Ferreira

Publicado por: Silvia Oliveira Sevilha

A querida Luísa Ferreira, estudante de jornalismo da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), mora em Recife, adora viajar e compartilhar experiências. Com exclusividade para o Matraqueando ela conta tudo o que viu e viveu na capital da Andaluzia, durante um semestre de intercâmbio na Universidad de Sevilla. Acompanhe esse delicioso relato!


Plaza de Espanha: interessante projeto arquitetônico no coração da cidade.

Texto e fotos: Luísa Ferreira

“Morei em Sevilha por pouco mais de cinco meses, através de um intercâmbio universitário, e os primeiros dias já bastaram para que eu me encantasse pela cidade. A capital da Andaluzia é a quarta maior cidade da Espanha, mas é pequena o suficiente para, com bastante disposição, o visitante percorrer boa parte dos seus pontos turísticos a pé – e, convenhamos, não há forma melhor de se conhecer uma cidade!

A cidade transmite um orgulho pela cultura andaluza, o que se exprime em algumas manifestações tão tipicamente espanholas, como o flamenco. A influência árabe na região também é muito clara em vários pontos da cidade, profundamente marcada pela arquitetura moura.

Talvez o monumento mais emblemático da cidade seja a Giralda, a torre da Catedral de Sevilha. A Catedral – patrimônio da humanidade – é o maior templo da Espanha e o terceiro maior templo cristão, só superado em extensão pela Basilica di San Pietro, em Roma, e pela St Paul’s Cathedral, em Londres. A catedral é linda, em especial seu exterior, mas uma visita interna não decepciona: o Pátio de los Naranjos, com as típicas laranjeiras da região (em Sevilla, tem-se a impressão de que TODAS as árvores são laranjeiras), e a própria torre, que com alguma disposição pode ser subida (sem custo extra), fazem valer a visita. Do topo da Giralda, tem-se uma bela vista da cidade. A entrada custa 8€, mas estudantes menores de 26 anos pagam apenas 2€ e residentes na cidade ou menores de 16 anos acompanhados por adulto têm direito a entrada gratuita.


Catedral de Sevilha e a sua Giralda: maior templo espanhol.

Ao lado da Catedral, está um dos pontos que mais exemplificam a influência árabe na cidade: os Reales Alcázares, chamados assim, no plural, porque o lugar é composto por um conjunto de construções, desde o primitivo alcázar árabe até as posteriores ampliações com pátios e palácios realizadas por sucessivos monarcas. Eles apresentam as marcas da arquitetura árabe, repleta de detalhes incríveis. Quando estive lá, em janeiro, achei o local um pouco mal cuidado, mas talvez na primavera e no verão a situação seja um pouco diferente. A entrada custa 7,50 €, mas estudantes, deficientes e residentes entram de graça.
Também nessa região, perto da bonita Avenida de La Constitución (onde fica a Catedral), na Plaza Cristo de Burgos, está a Taberna Coloniales, um restaurante tradicional com preços bastante razoáveis, onde é possível desfrutar de um bom almoço pedindo diferentes tapas, versões “reduzidas” de pratos como solomillo al roquefort e papas bravas (a salsa brava, um molho de tomate levemente picante, é bem tradicional na Espanha). Uma delícia!


Avenida de La Constitución, em Sevilha.

Falando em comida, um lugar muito popular principalmente entre os jovens é a Cervecería 100 Montaditos, uma cervejaria que serve uma grande variedade de montaditos, que são pequenos sanduíches com diferentes recheios, acompanhados de batatas chips. Nas quartas-feiras, o lugar costuma ficar lotado, porque todos os montaditos da casa, assim como o a cerveja grande (bem grande) custam apenas 1€. Há várias 100 Montaditos pela cidade, mas uma das mais “famosas” é a que fica na Av. de la Constitución, bem pertinho da Catedral.

A Torre Del Oro, outro monumento dos mais emblemáticos da cidade, foi construída no começo do século 18, pelos Almóadas (dinastia árabe), com função de vigilância, pra evitar possíveis invasões pelo rio Guadalquivir, que atravessa a cidade. Atualmente, ela abriga o Museu Naval, que conta a história de Sevilha como porto fluvial: na época das grandes navegações, navios vinham do “Novo Mundo” trazendo tesouros, que eram descarregados junto à torre.

Não conheci o Museu Naval, mas o passeio pelas margens do Guadalquivir, passando pela Torre Del Oro (gratuita às terças-feiras. Fecha às segunda e em agosto), é imperdível. Uma boa opção é percorrer todo o Paseo de Cristóbal Colón, que vai desde a esquina com a ponte Isabel II até a ponte de San Telmo. Nesse caminho, é possível embarcar em um barco turístico, ou ainda alugar um pedalinho, e fazer um passeio pelo rio. Nesse percurso, passa-se também pela Plaza de Toros de La Maestranza, a praça de touros da cidade, onde acontecem as polêmicas touradas, e que está também aberta à visitação (Entrada € 6. Abre todos os dias das 9h30 às 20h). Em pequenos grupos acompanhados de um guia, os visitantes conhecem a arena e o Museo Taurino, aprendendo um pouco do funcionamento das touradas e da história da atividade na região.


Plaza de Toros de La Maestranza: a mais tradicional da Espanha.

Também é muito agradável caminhar às margens do Guadalquivir no lado oposto, percorrendo a Calle Betis, principalmente à noite. Essa rua badalada conta com diversos bares e algumas boates, e nos meses de clima ameno (ou seja, durante o ano quase todo) as mesas ficam na calçada, onde é possível comer umas tapas (petiscos espanhóis) olhando pra ponte Isabel II, ou Puente de Triana, minha ponte preferida. O lugar é freqüentado principalmente por jovens (boa parte estrangeiros, principalmente os Erasmus, alunos de intercâmbio dentro da Europa), mas há também restaurantes mais sofisticados na beira do rio que recebem um público diferente e oferecem um ambiente muito agradável.


A Ponte Triana e o emblemático rio Guadalquivir.

A Calle Betis fica no bairro de Triana, região tradicional de onde saíram muitos cantaores de flamenco e toureiros famosos. Um passeio pelo bairro, predominantemente residencial, é bastante agradável. Outro bairro muito tradicional é Santa Cruz, cheio de ruas estreitas com casas branquinhas que ostentam pequenas varandas floridas. É bem a imagem que muitos têm de Sevilha, e é realmente encantador. É fácil se perder andando por esse bairro, mas quem se importa? Sempre chegamos a uma pequena e simpática praça, ou a um charmoso bar de tapas. E aí é só aproveitar.

Diversos estabelecimentos na cidade oferecem apresentações de flamenco, mas um dos mais populares (e com entrada gratuita!) é La Carbonería, que fica na calle Levíes nº 18 (Fone: +34 954 214 460), em Santa Cruz. O lugar é bem tradicional, mas os seus freqüentadores são, na sua maioria, turistas. No espaço, diversas mesas com bancos compridos ficam dispostas em frente a um palco, onde bailaores, guitarristas e cantaores dão, literalmente, um show. A música e a dança flamencas são emocionantes, e a intensidade com que são apresentadas as performances sempre faz sucesso entre os presentes.

Outros pontos imperdíveis são a Plaza de España, impressionante projeto arquitetônico construído para a Exposição Ibero-Americana de 1929. A praça é linda, mas me pareceu um pouco fake, porque à primeira vista dá a impressão de ter sido construída muito antes de 1929. Hoje, funcionam no local órgãos da burocracia governamental, como a Extranjería. A Plaza de España é aberta ao público e fica praticamente dentro do Parque de Maria Luisa, um parque muito bonito onde é possível fazer um piquenique, alugar um triciclo ou ainda visitar um dos museus adjacentes, como o Museu de Artes e Costumes Populares e o Museu Arqueológico (entrada € 1,50 cada – fecham às segundas)


À esquerda, a Torre del Oro e o Paseo de Colón. À direita, o bucólico Parque Maria Luisa.

Para quem gosta de comprar, vale muito visitar a Calle Sierpes, que é praticamente uma continuação da Av. de La Constitución (pra chegar nela, você passa pelo prédio do Ayuntamiento, prefeitura, edifício construído em 1534), e outras ruas ao redor, como a Velázquez e a Tetuán. Nessa área, há muitas lojas legais de roupas, acessórios, maquiagem, perfumes, etc., como H & M, Zara, C & A, Six, Blanco e Mango, boa parte com preços bem interessantes. No verão, colocam na Sierpes e em outras ruas umas espécies de toldos improvisados, para proteger os passantes do sol escaldante (o termômetro passa dos 40 graus com freqüência, nos meses mais quentes).

Calle Sierpes: toldos protegem os pedestres do calor.

À noite, além dos bares na Calle Betis, há também bastante agitação na Plaza Alfalfa, na Alameda de Hércules (que não é freqüentada apenas por jovens) e na rua San Eloy, onde fica o Pátio de San Eloy, um bar de tapas onde as pessoas sentam em uma espécie de arquibancada. No local, há uma excelente seleção de montaditos. Experimente o de pringá, que é bem típico e muito gostoso! Bom, eu poderia continuar indefinidamente, mas Sevilha é mais ou menos isso: é passar a tarde na beira do Guadalquivir, tomando um tinto de verano (vinho tinto com Sprite ou similar), é ver as lojas fechadas pra siesta, é ver os espanhóis entupindo os bares à noite, com cerveza e sangría nas mãos, é ter dias de 20ºC no inverno e 44º no verão (fácil, fácil! – melhor evitar visitar a cidade nessa época, ou se preparar pra um calor bem seco), é se esforçar pra entender o sotaque andaluz, é ouvir o lindo hino do Sevilla, o maior time de futebol da cidade, é ver a influência árabe a cada esquina, é comer churros com chocolate no fim da tarde (os churros deles não são recheados, como os nossos, e costumam vir acompanhados de chocolate quente – vale a pena experimentar, eu adoro, mas aviso que o conjunto é bem gorduroso!), é passear pelo centro histórico, é comer muito jamón (presunto), salmorejo, gaspacho (espécies de sopas de tomate servidas frias) e azeite de oliva, é sentir a vibração da alegria de um povo que, em muitos aspectos, se parece muito com os brasileiros”.

Conheça mais o trabalho da Luísa no blog Just Tango On.

Leia também outros relatos da Comunidade da Matraca:

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Miami e Orlando | Por Nair P. Siqueira
15 dias na Europa pela primeira vez e por conta | Por Danielle Lamoço
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14 Comentários

  1. Marisa Sá

    Luisa, adorei seu artigo sobre Sevilha.
    No último mês de maio passei uma semana em Sevilha e, ler ser artigo, foi como reviver os bons momentos passados nessa cidade tão linda.

    responder
  2. Luísa

    Que bom que você gostou, Marisa! 🙂 Sinto saudades de lá.

    responder
  3. Estou com uma viagem relâmpago marcada para Sevilha e por este post já tive uma ideia de que lugares quero conhecer na minha breve passagem. Queria uma dica de hotel bonitinho, barato, perto das atrações turísticas e com café da manhã. Será que vocês podem me ajudar?

    responder
  4. Ivone Quadros

    Adorei recordar a visita que fiz a Espanha em 2010, quando estive em Sevilha visitando esses
    lugares lindos; bairro Sta Cruz, Palácio dos Alcazares, Cruzeiro p/Rio Gualdaquivir; toda a Espanha
    é belíssima, Andaluzia e Catalunha, Barcelona então…e muitos outros lugares que visitei e muitos
    que pretendo conhecer ainda…

    responder
  5. Oi!
    Obrigada por compartilhar tantas informações!
    Estou planejando um intercambio para Setembro, me foram muito úteis.

    responder
    • Silvia Oliveira

      Bacana, Arleth! Aproveite bastante! 🙂

      responder
  6. Junior

    Silvia , Por favor você poderia me dar algumas dicas de passeio para Marrocos partindo de Sevilha ou Cádis ??

    responder
  7. Silvia, gostaria de algumas dicas. Vou para Madrid em junho desse ano, de lá já pegarei um voo para Sevilha. Dois dias por lá dá para conhecer os principais pontos turísticos e assistir à uma dança flamenco? Tem alguma dica de hospedagem barata, estaremos indo num grupo de 8 pessoas.

    Obrigada,
    Abç

    responder
  8. Renata

    Quantos dias são indicados como mínimos em Sevilha para fazer esses passeios?

    responder
    • Silvia Oliveira

      Três dias inteiros, Renata. Sem contar os de chegada e os de saída. 😉

      responder
  9. Samira

    Olá Luísa, tudo bem? Estive em Sevilha recentemente e voltei encantada com a cidade, que oferece muitos atrativos e é muito alegre! Infelizmente não tive tempo de explorar todas as possibilidades, ficamos apenas 3 dias. Dentre todas as frustrações, uma não me sai da cabeça… é que em uma loja a caminho de Granada, provei um creme de oliva para as mãos que oferece um toque muito macio à pele, incrível mesmo! A vendedora me ofereceu…mas o Ônibus de turismo já estava saindo e eu não tive tempo nem de pensar…. pior..não sei o nome do creme…Você, por acaso, teria alguma indicação?? Uma sugestão é muito bem vinda! Abraço.

    responder
  10. EDSON THOMASI JUNIOR

    Estarei em Sevilha, e gostaria de dicas de boas lojas de vinhos?

    responder
  11. Ruth

    Muito bom! Moro no sul de Portugal e logo darei um pulo em Sevilha.

    responder

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