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 -  Atualizado 24/08/2010

Itaipu: circuito especial

Publicado por: Silvia Oliveira Foz do Iguaçu

Não me atirem pedras. Mas quando voltar a Foz não penso em visitar novamente as cataratas. Já fui dos dois lados, fiquei bastante tempo lá, fiz o sobrevoo de helicóptero e dentro do que me dispus a conhecer, conheci. Quero ir novamente a Itaipu para fazer alguns passeios dentro da usina que não consegui realizar da última vez, como o Ecomuseu, o Refúgio Biológico Bella Vista e o Canal da Piracema, com 10 quilômetros de extensão. Sei, as quedas d’água são uma dádiva e o macuco safári parece imperdível (quiçá na próxima encarnação). Só que eu tenho um defeito genético: as grandes obras humanas – seja pelo tamanho, criatividade ou valor histórico – me sobressaltam e causam fascínio.



As Cataratas do Iguaçu são inexplicáveis. Mas como é obra divina eu posso entender que aquilo não tem explicação. Deus é perfeito e adora fazer essas brincadeirinhas geográficas – lembrando o que Ele já aprontou na Patagônia, no Gran Canyon ou em Fernando de Noronha, para não ir muito longe. Agora, chegar perto de uma construção tão milimetricamente pensada e executada por seres considerados incompletos, carentes, insatisfeitos e que – dizem – utilizam apenas um por cento do próprio cérebro… é ou não é de assustar? Imagine, então, quando usarem todo o potencial previsto pelos cientistas!

Para entender o que foi e o que é a hidrelétrica existem três passeios oficiais: o panorâmico, o circuito especial e a iluminação monumental (além do institucional para centros de pesquisa e universidades). Com o passeio panorâmico, que dura um hora e meia, você faz o trajeto em ônibus com guia bilingue e conhece a usina por fora. Antes da saída é exibido um documentário, em seguida o visitante é levado a lugares privilegiados que oferecem uma linda vista e boas fotos. No caminho de volta, o ônibus percorre o alto da represa, revelando um ângulo diferente do vertedouro: de um lado o Rio Paraná, do outro o imenso lago de Itaipu (o reservatório que abastece a usina) e ao fundo, a cidade de Foz do Iguaçu.



Já o circuito especial – o que nós fizemos – permite a entrada ao interior da barragem. O ônibus também tem monitor bilingue e água a bordo. São sete paradas. Na primeira, temos uma visão panorâmica da barragem e do vertedouro, além de poder apreciar o painel em azulejos que retrata cenas da construção da Itaipu – feito pelo artista paranaense Poty Lazzarotto. Já dentro da construção todo mundo fica bem próximo aos condutos – enooormes tubos brancos – por onde escoam até 700 mil litros de água (metade da vazão das cataratas em cada um deles!)

Na quarta parada estão os equipamentos que mantém a usina em operação. Não é permitida aqui a permanência por mais de três minutos por causa do forte ruído. É tão rápido que parece surreal. Sentir a pulsação ininterrupta da Itaipu debaixo dos pés nos dá a sensação de que estamos em alguma película de ficção científica. Ao nos aproximar da sala do comando central – onde técnicos controlam tudo por meio de computadores e painéis eletrônicos – parece que estamos na Nasa. Eu nunca entrei na Nasa, mas já vi bastante filme e lembra aquilo, diretitinho. Pode fotografar tudo.

No final do passeio chegamos às galerias com um quilômetro de extensão. Aqui é possível visualizar as gigantes tampas das 20 unidades geradoras. Cada uma é suficiente para abastecer uma cidade com 2,5 milhões de habitantes. E daí passa novamente na sua cabeça toda a historinha do documentário exibido lá no início. A Itaipu – que em tupi significa pedra que canta – começou a ser erguida em 1973. No auge da obra, cinco anos depois, foram lançados mais de sete mil metros cúbicos de concreto, o equivalente a um prédio de 10 andares por hora.



No pico da construção da barragem, mais de 40 mil trabalhadores foram mobilizados. Com o fechamento das comportas do canal de desvio feito no Rio Paraná os engenheiros acreditavam que seriam necessários uns três meses para encher o reservatório. Mas deu uma chuvarada na época e em 14 dias a maior hidrelétrica do mundo em tamanho e em geração de energia estava pronta para ser acionada. Em 1982, abriram as comportas do vertedouro liberando a água represada do Rio Paraná.

Houve gente que não gostou. O município de Guaíra chorou o desaparecimento das Setes Quedas, alagadas com o reservatório. E até hoje a cidade recebe royalties da Itaipu pelo sumiço de um dos maiores atrativos na região. Mas deixemos as picuinhas de lado – até porque isso já foi superado! E não pense que quando você vier para cá vai presenciar os vertedouros abertos. Isso acontece uma ou duas vezes por ano, somente para escoar toda água não utilizada na geração de energia. E prepare-se, porque se você tiver a sorte de presenciar isso, verá uma vazão 40 vezes superior à das Cataratas do Iguaçu.

Fotos: Raul Mattar

SERVIÇO:

Itaipu Binacional

Circuito Panorâmico
Horário:Diariamente, com saídas às 8h30, 9h30, 10h30, 11h30, 12h30, 13h30, 14h30, 15h30 e 16h30.
Ingresso: R$ 13,00. Estudantes, crianças entre 7 e 16 anos e idosos têm descontos. Do lado paraguaio o passeio é gratuito.

Circuito Especial
Horário: Diariamente, com saídas às 8h30, 9h, 10h30, 11h, 14h, 14h30, 16h e 16h30.
Ingresso: R$ 30,00. Estudantes e idosos têm descontos.

Importante! Para qualquer um dos passeios faça sua reserva com antecedência. Ligue 0800 645-4645 ou escreva para reservas@complexoitaipu.tur.br

AMANHÃ:
Iluminação Monumental da Itaipu e Imigrando para o Paraguai.



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18 Comentários

  1. Marcia Cristina

    O homem, quando se lembra que ele é feito a imagem e semelhança de DEus, é mesmo imbatível!

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  2. Patricia de Camargo

    snif snif também quero fazer este passeio completo! Eu fiz o panorâmico, e para quem quer apenas fazer as fotos básicas e dar uma olhadinha nest big obra é legal, agora quem quer ver as entranhas tem que recorrer a este circuito especial!!!

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  3. Camila

    Sílvia, eu passei por Foz no fim de uma viagem por Uruguai e Argentina, depois de quase um mês fora de casa, já cansada, e acabei ficando muito pouco. Por isso só conheci o lado argentino das Cataratas e também acabei negligenciando Itaipu. Mas eu não tenho nem desculpa, sou Engenheira Eletricista! Era minha obrigação! hehehe

    Beijos!

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  4. Anonymous

    Qdo. fomos a FOZ, o passeio incluia Itaipú. Mas tivemos tanta sorte que o casal que nos acompanhava é muito amigo de uma pessoa que trabalha na usina há muitoooos anos. Dai, entramos num plano "diferenciado". Temos fotos bem legais (nada comparável as do Raul). Vimos as turbinas funcionando e soubemos algumas curiosidades. Essa pessoa que nos acompanhou por exemplo já tem uma árvore plantada lá nos terrenos. Vc sabia que o funcionário q completa determinado número de tempo, tem uma arvore plantada, q recebe seu nome? A dele já tá bem alta…rsrs…
    Adorei rever através do olhar de vcs. Tá linda a sequência.
    Bjs.
    Nair

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  5. SÍLVIA OLIVEIRA

    Marcia: a genialidade da Itaipu é tanta que a inspiração só pode ter sido divina!

    Pati: a Itaipu em si é muito mais do que a usina. Como disse no post, ainda faltou um bom pedaço para percorrer! Mas vou voltar! hehehe!

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  6. SÍLVIA OLIVEIRA

    Camila: geralmente o último destino de uma viagem tão longa é sempre sacrificado. Fiz isso numa viagem a Europa. O último destino era Paris… e simplesmente não vi a cidade. Estava cansada, com poucos euros (hahaha) e não tinha pique para mais nada! O bom é que agora a gente tem a desculpa "tenho que voltar". hohoho!

    Nair: é isso mesmo! Passamos pelo jardinzão onde os funcionários plantam sua árvore. Se não me engano é quando eles completam 15 anos de casa. Tiramos a foto do jardim de dentro do ônibus e não ficou muito nítida… mas é muito legal a ideia!

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  7. Ócio, viagens e gastronomia

    Oi Silvia, vim te visitar um "mucadinho"!
    Adorei o blog e que medo meu Deus, desse turbilhão de águas!!!!
    Gente o que que é isso??? Fantástico mesmo.
    Vou me agendar!
    Um beijo e volte sempre! VOu incluir o blog em meus petiscos…

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  8. Luisa

    Eu tb sou chegada em grandes obras de engenharia (apesar de nao entender patavinas de engenharia) e lembro o meu deslumbre quando visitei Itaipu há muuuuuitos anos.
    Mas confesso que toda vez que vejo Itaipu me vem em mente as Sete Quedas e me dá um aperto no coração…
    Bjs

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  9. Raquel M.

    Oi Sílvia,

    Seus posts foram muito úteis na organização da minha viagem a Foz do Iguaçu!!!! Voltei de lá ontem, e tive que vir aqui compartilhar a minha grande sorte de ter visto um dos vertedouros aberto. É maravilhosooo!!!!

    Beijo

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  10. SÍLVIA OLIVEIRA

    Raquel M., não mate a gente de inveja! Você viu o vertedouro aberto? Alucinante. Olha, se puder, mande uma foto desse momento pra gente que eu publico aqui com os devidos créditos. Acho que os leitores iam adorar ver isso. O e-mail é matraqueando@gmail.com Beijão!

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  11. Natália M Gastão

    Visitei a Itaipu há 2 semanas, certamente estimulada por vc! Fiquei encantada e impressionada! Qta genialidade!!! E para minha sorte havia um vertedouro aberto. É incrível!!!

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  12. Lubia

    Tbm já fiz uma visita básica a Itaipu…fiquei maravilhada a estrutura…e o Rio genteee água de maiss.

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    • Silvia Oliveira

      É adorável! 🙂

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  13. Gisele

    Estava pensando em ir num sábado para ver a iluminação monumental. Mas minha filha tem 13 anos e parece que não pode fazer o Circuito Especial. Se fizermos a Visita panorâmica no último horário, ficaremos das 17h30 `as 20h sem ter o q fazer… O q vc recomenda? tks!! 🙂

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  14. Pronto, tu vais me achar doida. um milhao de comentarios , é que acabei de descobrir o seu site e não consigo parar de ler. Quando eu fui tive a sorte de pegar um vertedouro aberto, é lindo ver a água, a força é impressionante, só de lembrar me emociono toda, quando fui nas cataratas não conseguia para de imaginar a força que deveria ser a água escoando do vertedouro, já que lá nas cataratas chegamos bem proximo

    Beijos e até mais

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    • Silvia Oliveira

      Menina, que sorte! Nunca peguei o vertedouro aberto! Deve ser demais! 😉

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Matraqueando - Viagens e Comidinhas | Por Sílvia Oliveira

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