Francisco, o Papa do Amor | 1936 – 2025
Ele foi ponte em tempos de divisão.
Farol quando a compaixão parecia desintegrar.
Falou de dignidade como direito, não luxo.
Pelo seu manifesto de que todos merecem terra, teto e trabalho foi chamado de subversivo.
Durante muito tempo, o Santo Padre foi a única pessoa que eu segui nas redes sociais.
Não por ser chefe de uma igreja. Ou por idolatria e reverência. Mas por ser, simplesmente, Francisco.
Um homem que ousou devolver à fé o rosto simples de Jesus.
Primeiro Papa latino-americano.
Primeiro Papa jesuíta.
Primeiro Papa a lavar os pés de mulheres, presidiários, muçulmanos (e de outros credos) durante as celebrações da Semana Santa – o alto rito da igreja.
Primeiro Papa a publicar uma encíclica centrada no meio ambiente.
Primeiro Papa a convocar uma reunião global para discutir abusos sexuais na Igreja.
Primeiro Papa a apoiar formalmente uniões civis para casais homoafetivos.
Primeiro Papa a incluir mulheres em cargos jamais ocupados por pessoas do sexo feminino dentro da igreja.
Primeiro Papa a pedir perdão, em nome da Igreja, reiteradas vezes!
Aquele que deu voz às “periferias do mundo” no coração do Vaticano.
Foi pouco, você dirá! Há quem esperasse que Papa Francisco deveria ter feito mais.
Como se carregar sobre os ombros uma instituição problemática de dois mil anos, com dogmas empedrados e paredes douradas, fosse tarefa para um só.
Como se mudar a rota de um transatlântico com palavras de misericórdia fosse pouco.
Queriam milagres administrativos, revoluções instantâneas, reformas impecáveis.
Seu maior escândalo? Abriu as portas e sentou-se com os últimos da fila.
Falou com os pobres, imagine tamanho atrevimento!
Francisco nos lembrou que o poder não está no cargo, mas na coerência entre o discurso e a vida.
Um revolucionário da ternura.
Sua partida não é apenas uma perda para os católicos. É uma ferida no coração do mundo.
Sentiremos falta de sua lucidez, de sua doçura combativa, de sua fé que não julgava, só acolhia.
Ele fez da liderança um serviço. E do amor, sua herança.
Descanse em paz, Francisco.
Apesar da sua partida terrena – e de todos os desafios que ainda restam nesse planeta – o mundo, certamente, é um pouco melhor depois de você.